A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), avançou 3,1% em abril, descontados os efeitos sazonais. Com isso, o índice atingiu o maior nível (97,1 pontos) desde março de 2020. Entre os indicadores que compõem o ICF, o nível de consumo atual registrou a maior alta em abril, de 4,8%. Embora ele esteja na zona negativa, com 81,4 pontos, o crescimento foi o mais expressivo desde maio de 2018. Os consumidores também apontaram maior intenção de consumo de produtos duráveis, mas a alta tem relação com a base de comparação muito baixa.
Entre as causas do maior otimismo está a evolução da inflação, que surpreendeu positivamente em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) anual alcançou 4,65%, abaixo do esperado pelo mercado e dentro do intervalo da meta de inflação do Banco Central, que é de 4,75%. Além disso, a inflação de serviços caiu, e o índice de difusão, que representa a quantidade de itens que tiveram aumento de preços, é o segundo menor desde agosto de 2020.
Conforme a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, “a dinâmica mais favorável do nível de consumo atual também está associada à maior satisfação com o emprego”. A contínua geração de vagas formais e contratação de pessoas com menor nível de escolaridade pelo setor de serviços fez o índice alcançar o maior nível entre todos os indicadores da pesquisa, com 121,4 pontos.
Outro ponto ressaltado por Izis Ferreira é o indicador de avaliação da renda atual, que avançou 3% em março, elevando o indicador para 114,7 pontos. Esse também é o nível mais alto desde antes da pandemia. A proporção de consumidores que consideram a renda de hoje melhor do que há um ano foi de 36% dos entrevistados, também a maior em três anos.
A taxa de crescimento da intenção de consumo entre as famílias com renda menor acelerou 3% em março, levando a intenção de compra dos consumidores com até 10 salários mínimos a 94,5 pontos. Embora ainda no espectro negativo, com essa elevação, o índice se aproximou da faixa de rendimento acima de 10 salários mínimos, que ficou em 110,8 pontos, já na zona de otimismo.
Além disso, 34% dos consumidores de alta renda consideraram seus rendimentos melhores do que há um ano, o maior índice também desde antes da pandemia. Izis Ferreira destaca ainda o crescimento do otimismo entre as mulheres. O indicador avançou 29,4% em um ano para o público feminino, enquanto a intenção de compra dos homens cresceu 21,9% no mesmo período.
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