sábado, 6 de fevereiro de 2016

Secretaria de Cultura em Mossoró é extinta – quando a cultura é vista como gasto e não investimento

* Sérgio Vilar
Me parece desnecessário discriminar tantos pontos fundamentais proporcionados pela cultura a qualquer comunidade, povoado, cidade, nação ou vidas alienígenas. É algo tão substancial, essencial à plenitude de uma vida saudável que me sinto meio idiota tentando esclarecer isso.

A cegueira de burocratas de visão torpe (seria redundância Burocrata = Visão torpe?) resolveu extinguir a secretaria de cultura de Mossoró para economia de gastos. Ou mais especificamente reformulou a administração geral, e a Cultura que espantou Lampião agora é Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer.

Chuva de vaias no país de Mossoró. Mas aplausos à comunidade artística de lá. Há uma mobilização em curso e uma insatisfação crescente, muito embora há quem nutra esperança de algo melhor, já que a antiga secretária Isolda nada fez pela pasta, agora administrada por Glaudionora Silveira, em múltiplas funções.

Quando o Governo do Estado reduz o imposto no querosene, não se trata de reduzir receita, mas de tornar o Estado mais competitivo e atrair mais voos e turistas e, consequentemente, mais dinheiro para investir em outras áreas. Com a cultura acontece algo semelhante. Claro, não nessa fórmula mercadológica, mas sob parâmetros mais sociais.

Educação e cultura combate criminalidade, transforma cidadãos, proporciona bem estar e qualidade de vida, sem falar na economia criativa e na geração de empregos. Para ser bem superficial. Acesso à cultura não é gasto, é solução e, mais do que isso, é um direito constitucional da população.

Devia-se pensar formas de gerar receita para manter a secretaria ativa e o cofre estadual alimentado de cultura. A própria reformulação dificulta convênios e repasses federais, dependentes de uma secretaria exclusiva, afora um Conselho, um Plano Municipal e outras exigências. Ou seja: a secretaria estava carente de avanços e, em vez disso, agora divide atenções com outras prioridades.

Está claro: houve retrocesso e não economia. E será que vale ainda discutir a cultura como forma de refinamento estético e espiritual, de auto-estima, de contribuição para a ética e a moral. Sabe quando se fala em saúde mais humanizada? Não é só a saúde. Precisamos de um mundo mais humanizado. Mas permanecemos nessa Era pré-humana.
 
* Jornalista

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