terça-feira, 26 de junho de 2012

Decálogo da política brasileira


por Francisco Petros e José Marcio Mendonça

Decálogo da política brasileira I
A democracia brasileira, do ponto de vista formal, teve avanços significativos desde o final do regime militar, sobretudo com os novos papéis que o Legislativo e Judiciário passaram a exercer. Muitos momentos difíceis do processo político, tais como oimpeachment do presidente Collor ou o mensalão, foram ultrapassados graças a estes avanços formais da democracia brasileira. Nos últimos anos, contudo, nota-se uma significativa deterioração dos valores republicanos no Brasil em todos os segmentos e aspectos do poder político. Esta deterioração tem efeitos objetivos e práticos sobre o processo político com efeitos nefastos sobre a sociedade brasileira que, com indiferença e pouca participação, vê seus interesses cada vez menos representados por aqueles que recebem os votos e mandatos populares. Vejamos, a seguir, dez constatações que submetemos à apreciação de nossos leitores. São os sinais vitais da política brasileira no momento.
Decálogo da política brasileira II
1) Os partidos políticos não têm mais relevante expressão ideológica e sequer programática, seja interna aos partidos, seja externa, perante a sociedade;
2) Grupos de interesses são a essência do processo parlamentar em detrimento dos partidos políticos;
3) Os mais bem votados nos partidos quase sempre não tem expressão parlamentar, sendo utilizados pelos "caciques" como mera manobra eleitoreira;
4) Escassos são os debates no parlamento a respeito das grandes questões nacionais;
5) As assembleias legislativas e as câmaras municipais estão esvaziadas pela excessiva centralização dos interesses políticos e econômicos na União;
6) As CPIs não são a forma de fiscalização do poder pelas minorias, mas meios de manobra da maioria parlamentar para pressionar o governo;
7) As indicações políticas aos cargos executivos visam primordialmente o "financiamento" das campanhas eleitorais em todos os âmbitos do poder;
8) A oposição e a situação se definem por mera aparência de discurso e se confundem por interesses imediatos;
9) Não faz sentido falar em oposição e situação quando observados os interesses eleitorais de cargos majoritários federais, estaduais e municipais. Quaisquer alianças são possíveis, dependendo da instância eleitoral;
10) Novas lideranças políticas não nascem da oposição às antigas lideranças, mas como continuidade destas.

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