segunda-feira, 4 de março de 2019

Na surdina, governo Bolsonaro libera 54 agrotóxicos em 47 dias

Enquanto a execução do Hino Nacional nas escolas está no centro do debate, o governo Bolsonaro libera sem alarde licenciamento recorde de agrotóxicos. 

Em apenas 47 dias de gestão, Bolsonaro autorizou a entrada de 54 agrotóxicos no mercado brasileiro – mais de um produto licenciado por dia. 

Tereza Cristina, indicada pela bancada ruralista para o comando do órgão, justifica dizendo que todos os ingredientes dos novos itens são comercializados no Brasil. No entanto, com o aval do Ministério da Agricultura, eles têm sinal verde para serem incorporados por empresas e combinados com outros químicos. Agora, o Brasil acumula 2.123 produtos elaborados com agrotóxicos em circulação.

Entre os venenos prontos para entrar no Brasil está o Mancozebe – utilizado no arroz, banana, feijão, milho e tomate. Tem outro, o Piriproxifem – indicado para café, melancia, soja e melão. Detalhe, os produtos extremamente tóxicos farão parte da dieta da maioria das famílias brasileiras. Mas são seguros, pelo menos é o que diz o Ministério da Agricultura.

Além de colocar a vida de seres humanos em risco, os agrotóxicos são perigosos para o meio ambiente. Segundo classificação oficial, 14 são “muito perigosos” e outros 12, considerados “perigosos” ao meio ambiente.

Somente três integram o grupo de baixa toxicidade – o menor nível da classificação toxicológica: Bio-Imune, Paclobutrazol 250 e o Excellence Mig-66, voltados para culturas de manga e até mesmo para a agricultura orgânica. Em 2018, 450 agrotóxicos foram registrados no Brasil e somente 52 são de baixa toxicidade.

Dos 40 agrotóxicos aprovados no Brasil, apenas 11 são autorizados pela União Europeia. O Fipronil é proibido na França desde 2004, acusado de dizimar enxames de abelhas. A inseticida age nas células nervosas de insetos e é utilizada em plantações de maçã e girassol.

O movimento mostra a força da bancada ruralista no Congresso Nacional. Além da ministra da Agricultura, os parlamentares contam com Ricardo Salles – ministro do Meio Ambiente que chamou o ativista Chico Mendes de “irrelevante” – como coringa para a aprovação do chamado Pacote do Veneno.

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