por Francisco
Petros e José Marcio Mendonça
Decálogo da
política brasileira I
A democracia
brasileira, do ponto de vista formal, teve avanços significativos desde o final
do regime militar, sobretudo com os novos papéis que o Legislativo e Judiciário
passaram a exercer. Muitos momentos difíceis do processo político, tais como oimpeachment do
presidente Collor ou o mensalão, foram ultrapassados graças a estes avanços
formais da democracia brasileira. Nos últimos anos, contudo, nota-se uma
significativa deterioração dos valores republicanos no Brasil em todos os
segmentos e aspectos do poder político. Esta deterioração tem efeitos objetivos
e práticos sobre o processo político com efeitos nefastos sobre a sociedade
brasileira que, com indiferença e pouca participação, vê seus interesses cada
vez menos representados por aqueles que recebem os votos e mandatos populares.
Vejamos, a seguir, dez constatações que submetemos à apreciação de nossos
leitores. São os sinais vitais da política brasileira no momento.
Decálogo da
política brasileira II
1) Os partidos
políticos não têm mais relevante expressão ideológica e sequer programática,
seja interna aos partidos, seja externa, perante a sociedade;
2) Grupos de
interesses são a essência do processo parlamentar em detrimento dos partidos políticos;
3) Os mais bem
votados nos partidos quase sempre não tem expressão parlamentar, sendo
utilizados pelos "caciques" como mera manobra eleitoreira;
4) Escassos são os
debates no parlamento a respeito das grandes questões nacionais;
5) As assembleias legislativas
e as câmaras municipais estão esvaziadas pela excessiva centralização dos
interesses políticos e econômicos na União;
6) As CPIs não são
a forma de fiscalização do poder pelas minorias, mas meios de manobra da
maioria parlamentar para pressionar o governo;
7) As indicações
políticas aos cargos executivos visam primordialmente o
"financiamento" das campanhas eleitorais em todos os âmbitos do
poder;
8) A oposição e a
situação se definem por mera aparência de discurso e se confundem por
interesses imediatos;
9) Não faz sentido
falar em oposição e situação quando observados os interesses eleitorais de
cargos majoritários federais, estaduais e municipais. Quaisquer alianças são
possíveis, dependendo da instância eleitoral;
10) Novas
lideranças políticas não nascem da oposição às antigas lideranças, mas como
continuidade destas.
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