quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ascensão e queda

Por Vicente Serejo

Nunca uma carreira foi tão meteórica em tudo: na ascensão, flutuação e queda. Decolou como se desafiasse a própria lei da gravidade política, e caiu de forma espetacular, empurrada por denúncias as mais graves, e desabando num abismo suspeito de tenebrosas transações. No espaço de alguns anos, passou de ícone catalisador da grande maioria de sua cidade contra um acordão de caciques, a exemplo histórico de rejeição com os maiores índices de reprovação da histórica política de Natal em 400 anos.

Herdeira de uma vocação paterna de comunicador, com a carreira de vereador a senador feita no rastro de recordes consagradores, ela substituiu o pai na tevê com forte e corajoso estilo jornalístico. Fez da tela um espaço de lutas e de consagração garantida pela segunda maior rede de tevê, e a mais populista. Do estúdio, saltou para o plenário da Assembleia e, de lá, para eleger-se prefeita de Natal derrotando uma grande aliança em torno da candidata petista com uma avalanche de três governos.

Do primeiro ao último passo, na caminhada para ocupar o Palácio Felipe Camarão, o ritmo foi sempre tão firme e vitorioso que nada foi capaz de detê-la, até a consagração nas urnas do primeiro turno. Foi a favorita em todas as pesquisas esmagando a força da governadora Wilma de Faria, prefeito Carlos Eduardo Alves, senador Garibaldi Filho, senadora Rosalba Ciarlini, do deputado Henrique Alves e dos deputados estaduais, todos reunidos em torno dos governos municipal, estadual e federal.

Mas terminaria ali, na festa da vitória, e sem que ninguém suspeitasse, aquela que seria uma carreira meteoricamente desastrosa. Da equipe inicial, com participação dos partidos da aliança, afastou todos os nomes e abrigou sob sua inspiração a equipe que se mostraria subalterna, preocupada em salvar seus espaços e, por vezes, como o tempo mostrou, a tirar vantagem dos cargos. E fechou o seu primeiro ano com sinais de pouco controle administrativo e de uma debilidade sem precedente.

O que nos primeiros meses parecia ser resultado do isolamento político sem abrir as portas do Palácio do Planalto, logo se revelou uma grave ineficiência de gestão. A área técnica não conseguia transformar ideias em projetos e estes em recursos. E mesmo quando as obras da mobilidade surgiram como uma salvação, sua gestão nada conseguiu realizar, prisioneira de uma prefeita perdida, sem saber gerir até as ações mais comuns de uma cidade que já se preparava para receber a Copa do Mundo.

Com menos de dois anos, ultrapassou a faixa assombrosa de 80% de desaprovação em todas as classes sociais, níveis econômicos, graus de instrução e faixas etárias, chegando a ultrapassar os 90% nos seus últimos dias de imolação pública. E como se faltasse só um traço para completar o trágico retrato que vai deixar do seu rosto na história política do Rio Grande do Norte, deixou o Palácio pela porta dos fundos. Ela que lá chegou nos braços do povo como um símbolo de juventude e renovação.

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