quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Outubro, mês da Emancipação política de Assú: um pouco de sua história

O levante indígena contra os colonizadores tem maior intensidade com a rebelião denominada Guerra dos Bárbaros.

Informa Taunay que Manoel de Abreu Soares, chegando à Ribeira do Assú, acampou num lugar chamado Olho D’água e depois em Poço Verde, onde construiu estacada (Atualmente, ainda subsistem esses topônimos, o primeiro no rio dos Cavalos e o outro na margem esquerda do rio Assú). Encontrou-se destruído, o arraial fundado pelo pessoal ligado a João Fernandes Vieira, “cujas casas os índios saquearam, tendo feito grande mortandade de gente e animais”. 

Depois de sepultados os ossos, encontrados ao relento, Manoel Soares seguiu na pista dos índios, que foram localizados em Mossoró onde tinham ido abastecer-se de sal. Travado intenso combate morreram dois homens da tropa, ficando um ferido, ocorrendo uma grande matança de índios, que se dispersaram.

Os remanescentes do grupo indígena refugiaram-se no seu valhacouto do Carrasco, de onde voltaram, incendiando o antigo arraial e atacando o fortim de Abreu Soares, dali distante uma légua.

Resolveu, então, Abreu Soares acampar em local distante seis léguas acima do arraial destruído, tendo iniciado a construção, à margem esquerda do rio Assú, de uma Casa-Forte para proteção das tropas contra as arremetidas dos tapuias.

Esclarece Santos Lima que os locais do Arraial e da Casa-Forte, ainda hoje são denominados pela população.

Naquela Casa-Forte, Abreu Soares permaneceu por quatro meses, sem que se verificassem ataques dos índios, tendo o mesmo regressado a Natal, ficando como substituto, no comando o Sargento-mor Manoel da Silva Vieira.

Na ausência do Capitão-mor Abreu Soares, os índios voltaram à carga, sendo repelidos pelo sargento-mor, ficando as tropas aquarteladas na casa-forte, porém sem condições de perseguir o inimigo. O capitão-mor regressou ao Assú, pelo início de 1687, e ali chegando perseguiu os selvagens durante 25 dias, desbaratando-os já no Ceará. Aprovisionou-se de alimentos retornando ao Assú numa longa viagem que durou três meses. (Índios do Assú e Seridó - Olavo de Medeiros Filho, 1984: 118).

De fato, para o colonizador, a guerra assumiu proporções perigosas e desastrosas. Uma carta do senado da Câmara de Natal, datada de 23 de fevereiro de 1687, dirigida ao Governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, dava conta que só no Assú os povos indígenas do grupo Tapuia:

“já tinham morto de cem pessoas, escalando os moradores, e destruindo os gados e lavouras, de modo que, já não eram eles os senhores daquelas paragens, que a fortaleza se achava sem guarnição, não dispunha de recursos necessários para acudir os pontos atacados.” (Pires, 2002; 67/78).


No dia 20 de julho de 1687 a região do Assú é denominada de ARRAIAL DE SANTA MARGARIDA. Em plena efervescência da Guerra dos Bárbaros, ou levante do Gentio Tapuia, o Capitão-Mor Manuel de Abreu Soares fundou o Arraial.

Acampou, nesta data, “na fralda de uma colina arenosa, à margem esquerda de um braço do rio Assu, lugar onde se diz fora omprincipal alojamento dos índios, conhecidos por Taba-Assú, a cerca de 2 quilômetros da Casa-Forte pelo lado sul”.(Medeiros, 1984; 119).

A origem do nome do novo arraial, batizado com o nome de Santa Margarida, deu-se em decorrência de coincidir a data da chegada de Abreu Soares ao Assú, vindo do Ceará, com o dia em que era festejada aquela santa pelos católicos.

O arraial começou a dar ares de desenvolvimento ao tempo em que continuavam os ataques dos selvagens. Foram feitos muitos sacrifícios de vidas e de haveres para a completa exterminação dos rebelados, passando, após a criação da freguesia (1726), a ser conhecido pela denominação de Povoação de São João Batista da Ribeira do Assú. Os Janduís, apaziguados, foram aldeados no arraial com seus missionários. 

No ano de 1697 o recém nomeado capitão-mor da Capitania do Rio Grande, Bernardo Vieira de Melo reclamou ao governador geral, o abandono das sesmarias concedidas, anteriormente, inclusive a de João Fernandes Vieira, pelo que o governador mandou fazer as demarcações e nova distribuição. (Fonte: Projeto Memorial Indígena. Sociólogo da UFRN Arlindo Melo Freire).

Devidamente autorizado, Bernardo Vieira de Melo chega ao Arraial de Santa Margarida, com forças da Bahia, Pernambuco e o Terço dos Paulistas, com o intuito de expulsar os indígenas, de acordo com o desembargador Christovam Soares Reymão, Ouvidor Geral, e funda no dia 06 de fevereiro de 1696 o ARRAIAL DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES.

O capitão-mor Bernardo Vieira depois de quase três meses na região, obteve êxito. Conseguiu dizimar parte dos indígenas. Aqueles que escaparam se refugiaram no Ceará. Muitos foram capturados e detidos para serem utilizados como escravos. Dado por satisfeito, Bernardo Vieira nomeia capitão o cabo Theodosio da Rocha e o deixa no Arraial com uma guarnição de 30 soldados. Contando com total apoio dos moradores, cria no dia 24 de abril de 1696 o quartel denominando-o de Presídio de Nossa Senhora dos Prazeres, em virtude do dia consagrado àquela santa. (Medeiros Filho, 1984; 124).

Começa a partir deste período a colonização deste rico solo com agricultura e pecuária. Neste ramo, com destaque para as charqueadas. Existe uma rua na cidade do Assú que leva o nome do Capitão-Mor Bernardo Vieira de Melo.
Fonte: Assu - Dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro.

- Transcrito do blog de Ivan Pinheiro

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