sábado, 4 de fevereiro de 2012

PMs grevistas estão ligados a crimes na Bahia, diz governo


O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse acreditar na participação de policiais militares grevistas em homicídios e saques ocorridos em Salvador nas últimas horas. Desde terça-feira, o estado sofre com a paralisação parcial da Polícia Militar (PM). "Parte dos crimes pode ser parte da operação montada, da tentativa de criar um clima de desespero na população para fazer o governo sucumbir. Uma tentativa de guerra psicológica, como ocorreu recentemente em outros estados, como o Maranhão e o Ceará", disse o governador, neste sábado. "Não tenho dúvida que parte de tudo isso é cometido por ordem dos criminosos que se autointitulam líderes do movimento."

O governador também negou a possibilidade de anistia dos policiais militares que tiverem cometido atos de vandalismo ou violência durante a paralisação. A anistia é um dos itens da pauta de reivindicações tanto dos PMs grevistas - cerca de um terço da corporação, de 32.000 homens -, quanto dos que continuam trabalhando. "Não existe essa possibilidade, não vejo como anistiar, perdoar, o que quer que seja", disse. "Isso seria como eu dizer a outros criminosos que amanhã eles podem ser anistiados."

Segundo Wagner, a Justiça baiana já expediu mandados de prisão para doze lideranças da greve - outros quatro já foram pedidos. "Tenho certeza que a determinação judicial será cumprida", afirmou. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que chegou ao estado neste sábado, colocou a disposição presídios federais de segurança máxima para encaminhar os policiais militares que tenham cometido algum crime durante a mobilização. Cardozo chegou acompanhado da secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.
Foi transportado para a Bahia, diz o ministrro, por determinação da presidente Dilma Rousseff, que decretou situação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para o estado, o maior contingente de forças federais já utilizados em operações do gênero no país. "São mais de 3.000 homens das Forças Armadas para dar tranquilidade ao povo baiano e para fazer com que o estado de Direito prevaleça", afirmou Cardozo. "Estando sob estado de Garantia de Lei e Ordem, qualquer depredação de equipamento configura crime federal. A Polícia Federal está orientada fazer com que as transgressões à lei sejam apuradas e punidas com o máximo rigor."
Mortes
- A Bahia registra 53 homicídios desde terça-feira - 29 apenas da meia-noite de sexta às 6 horas deste sábado, em Salvador e Região Metropolitana, de acordo com o governo estadual. Na madrugada deste sábado, o corpo de um homem, ainda não identificado, foi localizado no bairro periférico de Canabrava.

Além do assassinato, foram registrados três arrombamentos em Salvador. Um supermercado do bairro do Ogunjá e a Colônia de Pescadores do Rio Vermelho foram saqueados. Uma loja de móveis do bairro do Cabula foi incendiada depois do arrombamento e o fogo comprometeu a estrutura do prédio de três andares localizado acima do estabelecimento. As quatro famílias que moram no local tiveram que deixar as casas.
No interior da Bahia, foram registrados ataques a tiros contra estabelecimentos comerciais em cidades como Paulo Afonso, no norte do estado, e Barreiras, no extremo oeste. Nos dois municípios, todos os PMs aderiram à greve, em assembleias realizadas na noite desta sexta. Em Barreiras, por exemplo, duas agências bancárias, uma loja de roupas, uma clínica médica e a sede da TV Oeste, afiliada da Rede Globo, foram atingidas por tiros.

Vitória da Conquista, no sul do estado, também registrou estabelecimentos danificados por ação de vândalos. Lojas do centro da cidade e uma agência bancária tiveram as portas quebradas por pedras. Em Feira de Santana, segundo maior município do estado, foram registrados três homicídios e, em Itabuna, um.
Fonte: Veja online

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