Crispiniano Neto
Quem sou eu para questionar pesquisas? Já as
vi sendo confirmadas na boca da urna quando pareciam estapafúrdias e já vi
também pesquisas que tinham tudo para dar certo e não se materializaram na hora
da verdade. Vi também pesquisas em inícios de campanhas que, se os candidatos
não tivessem a fibra de um Leonel Brizola, de uma Maria Luíza Fontenelle, de
uma Luíza Erundina ou de um Geraldo Melo as suas candidaturas teriam sido
retiradas e os seus destinos teriam sido, em vez dos palácios, o fundo da rede,
sem campanha e com profunda depressão. Vi também, em começo de campanha, uma
pesquisa que levou Lula à capa da Veja, por sinal uma das poucas capas de Veja
que trouxe Lula em situação favorável. A manchete era “Lula sozinho da
estrada”. Ele tinha 43%, depois do caos colorido, quando a direita sequer
conseguia articular um candidato. Eis que FHC mediante mágica do Plano Real foi
lá e roubou-lhe a chupeta. Mossoró, além da medíocre guerra das cores, está
fazendo também a guerra das pesquisas. Subterfúgios de uma campanha sem
discussão de programa, sem debate político ou ideológico, sem propostas
administrativas, enfim, um confronto histérico “do nada” contra o “coisa
nenhuma”; um enfrentamento bélico entre o continuísmo e a mesmice. Mais de dez
pontos entre institutos certos e certos institutos. Uma barafunda que mais
parece um meteorologista rudimentar que tinha, quando eu era “criança pequena”
lá na minha querida Santo Antonio do Salto da Onça. O velho Zé Bastidor que
olhava para o sol, mirava as nuvens, observava o rinchar dos jegues, o canto
dos pássaros, o jeito deles fazerem seus ninhos, o quebrar da barra, o
posicionamento das estrelas e corria para a calçada da bodega de Zé Ireno, meu
velho, sábio e gozador pai, Zé Ireno, que lhe perguntava o prognóstico
meteorológico. E ele, como se o maior cientista de São José dos Campos fosse,
respondia: Já tirei minhas experiências. Este ano, ou chove ou faz sol. De modo
que, acho, do alto da minha experiência, que este ano em Mossoró, com base na
cientificidade das pesquisas, ganha Larissa, ou Cláudia Regina. Ou o professor
Josué. Ou, quem sabe? O mestre Cinquentinha, tendo ainda alguma chance para
Ednaldo Calixto, filho do grande mestre da viola Manuel Calixto. Com certeza,
um desses cinco nomes ocupará o Palácio da Resistência. A não ser que algum
imprevisto muito imprevisto mude o curso inexorável das eleições de outubro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário