terça-feira, 19 de março de 2013

Liquidação da ex na xepa amorosa

Xico Sá

O que leva alguém, mesmo ainda muito novo, a rifar o ex ou a ex nos classificados de relacionamentos?

Na visão dos jovens proprietários do site
recomendeumex.tumblr.com, o negócio é “uma chance de transformar a culpa ou o remorso daquele pé na bunda em felicidade”.

Não seria melhor ir ao confessionário mais próximo, pedir perdão ao papa Chico ou subir à escadaria da Penha de joelhos?

Se é por uma questão de culpa ou generosidade cristã…

O cara despacha a moça e, perversamente, ainda a anuncia, sem avisá-la, no leilão dos desesperados, na xepa da feira amorosa?

Sei que pode ser o inverso. Se bem que isso é mais arte da canalhice, ingênua ou não, dos mancebos.

Como você se sentiria, leitor(a), ao saber que, além de um tremendo pé na bunda, o autor de tal desgraça ainda rifou teu coração em um anúncio público?

|Mesmo que a ex seja do tipo “Atração Fatal” e faça apitar todas as panelas da pressão.

Isso não são modos.

Como você é bonzinho(a), hein? Talvez você seja daquele tipo que atira no despenhadeiro, mas antes dá um terno beijo na testa e sussurra, cínico, “espero que você seja muito feliz”.

Deixa a moça ou o moço viver o luto amoroso ou o legítimo luto da vingança, vingança, vingança.

Porque um cara ou uma mulher que é capaz de expor um ex a tal vexame, merece toda a praga da canção de Lupícinio Rodrigues, o gênio da dor-de-cotovelo:

Merece rolar como as pedras que rolam na estrada, sem ter nunca um cantinho de seu, pra poder descansar.
 

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