Pouco mais de dois meses depois de se submeter à quarta cirurgia em 20 meses para combater um câncer na região pélvica, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez morreu nesta terça-feira, em Caracas, aos 58 anos, às 16h25m (horário local). Ele havia regressado há pouco mais de duas semanas de Havana, onde permanecia internado desde a operação, mas não foi visto em público. As únicas imagens do presidente foram divulgadas há duas semanas, em fotos ao lado das filhas.
Reeleito em outubro para um quarto mandato de seis anos para o qual nem chegou a tomar posse, ele passou 14 anos no poder. A morte do presidente joga o país num cenário de incertezas, com dúvidas sobre a continuidade do chavismo e sobre a capacidade de união da oposição. Segundo a Constituição venezuelana, o governo é obrigado a convocar eleições em até 30 dias. O vice-presidente Nicolás Maduro, indicado por Chávez como seu candidato, assume interinamente durante o período. Nomeado para o cargo em outubro passado — na Venezuela, o vice não é eleito, mas indicado pelo presidente —, Maduro permaneceu no posto sem ter seu mandato renovado com o início de um novo período constitucional em 10 de janeiro, quando Chávez tomaria posse, graças ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ), que interpretou a Carta Magna de forma a garantir a continuidade do vice mesmo sem a ratificação presidencial. Se Maduro não estivesse no cargo, assumiria o outro homem forte do chavismo: o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Chávez tentou se firmar como líder regional e exportou seu modelo. O receituário de governo personalista, centralizador, com retórica de combate à iniciativa privada e controle de meios de comunicação, mudanças constitucionais e investimentos em projetos sociais foi adotado em países como Bolívia e Equador, entre outros. Mas se Chávez procurou expandir o chavismo, não se preocupou com a escolha de um sucessor. Somente quando não pôde mais ocultar os danos causados pelo câncer — sobre o qual nunca deu detalhes à população — o presidente escolheu Maduro, um ex-dirigente sindical, como herdeiro político. Há dúvidas se nomes fortes do Partido Socialista Unido da Venezuela, principalmente os das Forças Armadas, vão acatar a indicação de Chávez após sua morte.
Oposição e aliados na expectativa
Do outro lado, a tradicionalmente fragmentada oposição tem o desafio de consolidar sua unidade. Em outubro, a coalizão opositora teve seu melhor desempenho nas urnas nos anos chavistas com a candidatura de Henrique Capriles, que obteve o apoio de 6,5 milhões de eleitores (44% do total) com um discurso voltado para o futuro e evitando ataques diretos a Chávez.
Apesar dos resultados desta estratégia, após o pleito, opositores trocaram acusações nos bastidores sobre quem seria o responsável pela derrota, com queixas de que a campanha poderia ter adotado tom mais agressivo contra o presidente. A mesma dificuldade de unificar o discurso ocorreu durante as manobras chavistas em torno do que ocorreria no dia 10.
Capriles pode agora se firmar como líder da oposição. Reeleito para o governo de Miranda, numa campanha em que a oposição perdeu quatro dos sete estados que comandava, terá que apresentar um novo modelo de governo em meio à comoção pela morte do presidente.
No campo econômico, a saída de cena de Chávez é vista como oportunidade de mudanças. O país tem as maiores reservas comprovadas de petróleo no mundo, mas a gestão da estatal PDVSA, usada como fonte de recursos para programas sociais, teve como resultado a queda da produção e acabou minando o interesse dos investidores estrangeiros nesta área. A insegurança causada pelas estatizações e mudanças de regras também contribuíram para afastar investimentos na era Chávez.
O futuro da Venezuela traz expectativa e incerteza também para os aliados. Cuba e Nicarágua se beneficiaram de prática recorrente da política externa chavista: o envio de barris de petróleo a preço abaixo do mercado. A Venezuela assumiu o papel da antiga União Soviética como mecenas do castrismo.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/
Reeleito em outubro para um quarto mandato de seis anos para o qual nem chegou a tomar posse, ele passou 14 anos no poder. A morte do presidente joga o país num cenário de incertezas, com dúvidas sobre a continuidade do chavismo e sobre a capacidade de união da oposição. Segundo a Constituição venezuelana, o governo é obrigado a convocar eleições em até 30 dias. O vice-presidente Nicolás Maduro, indicado por Chávez como seu candidato, assume interinamente durante o período. Nomeado para o cargo em outubro passado — na Venezuela, o vice não é eleito, mas indicado pelo presidente —, Maduro permaneceu no posto sem ter seu mandato renovado com o início de um novo período constitucional em 10 de janeiro, quando Chávez tomaria posse, graças ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ), que interpretou a Carta Magna de forma a garantir a continuidade do vice mesmo sem a ratificação presidencial. Se Maduro não estivesse no cargo, assumiria o outro homem forte do chavismo: o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Chávez tentou se firmar como líder regional e exportou seu modelo. O receituário de governo personalista, centralizador, com retórica de combate à iniciativa privada e controle de meios de comunicação, mudanças constitucionais e investimentos em projetos sociais foi adotado em países como Bolívia e Equador, entre outros. Mas se Chávez procurou expandir o chavismo, não se preocupou com a escolha de um sucessor. Somente quando não pôde mais ocultar os danos causados pelo câncer — sobre o qual nunca deu detalhes à população — o presidente escolheu Maduro, um ex-dirigente sindical, como herdeiro político. Há dúvidas se nomes fortes do Partido Socialista Unido da Venezuela, principalmente os das Forças Armadas, vão acatar a indicação de Chávez após sua morte.
Oposição e aliados na expectativa
Do outro lado, a tradicionalmente fragmentada oposição tem o desafio de consolidar sua unidade. Em outubro, a coalizão opositora teve seu melhor desempenho nas urnas nos anos chavistas com a candidatura de Henrique Capriles, que obteve o apoio de 6,5 milhões de eleitores (44% do total) com um discurso voltado para o futuro e evitando ataques diretos a Chávez.
Apesar dos resultados desta estratégia, após o pleito, opositores trocaram acusações nos bastidores sobre quem seria o responsável pela derrota, com queixas de que a campanha poderia ter adotado tom mais agressivo contra o presidente. A mesma dificuldade de unificar o discurso ocorreu durante as manobras chavistas em torno do que ocorreria no dia 10.
Capriles pode agora se firmar como líder da oposição. Reeleito para o governo de Miranda, numa campanha em que a oposição perdeu quatro dos sete estados que comandava, terá que apresentar um novo modelo de governo em meio à comoção pela morte do presidente.
No campo econômico, a saída de cena de Chávez é vista como oportunidade de mudanças. O país tem as maiores reservas comprovadas de petróleo no mundo, mas a gestão da estatal PDVSA, usada como fonte de recursos para programas sociais, teve como resultado a queda da produção e acabou minando o interesse dos investidores estrangeiros nesta área. A insegurança causada pelas estatizações e mudanças de regras também contribuíram para afastar investimentos na era Chávez.
O futuro da Venezuela traz expectativa e incerteza também para os aliados. Cuba e Nicarágua se beneficiaram de prática recorrente da política externa chavista: o envio de barris de petróleo a preço abaixo do mercado. A Venezuela assumiu o papel da antiga União Soviética como mecenas do castrismo.
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