Por Xico Sá
É como disse nos queridos e popularíssimos “Aqui CE” e “Aqui DF”: o novo sucesso do Rei, a faixa “Esse cara sou eu”, tem deixado muito marido brabo por ai.
Um verdadeiro levante, rebelião nos lares doces lares.
Minha prima Rosa que o diga.
É que as mulheres, como ela, por exemplo, têm aproveitado para cobrar mais eficiência e devoção amorosa da nossa parte.
O cara da música, provavelmente o próprio Roberto, na sua versão o inimitável, é quase perfeito.
Além de não deixar faltar nada, ainda se derrete de amor pela cria da sua costela. É um fofo, como as fêmeas dizem hoje dos machos de qualidade.
“O cara que pensa em você toda hora/ Que conta os segundos se você demora/ Que está todo o tempo querendo te ver/Porque já não sabe ficar sem você.
Só no Crato mesmo é possível encontrar algo semelhante. Mais que um marido, é um artigo de luxo, do tipo “tem mas tá faltando” na praça.
“E no meio da noite te chama/ Pra dizer que te ama/ Esse cara sou eu”.
Há quem diga que tal tipo de homem, derretido como manteiga de garrafa sob o sol do Jaguaribe, tenha uma vocação medonha para ser traído.
Especula-se que tal sujeito, mais dias ou menos dias, não passa de um corno manso. Duvido. É inveja nossa. Despeita dos caras errados, dos chamados machos “cargas-tortas”, verdadeiras mercadorias sem nota.
“O cara que pega você pelo braço/ Esbarra em quem for que interrompa seus passos/ Está do seu lado pro que der e vier/ O herói esperado por toda mulher”.
Esse Rei, com esse exagero todo, acabou com a gente, mas deixa, com a canção, um belo exemplo para os marmanjos. É uma música pedagógica para todos mobrais sentimentais.
Canção paulofreiriana. Quem sabe a gente não aprende um pouco com vossa majestade.
Meu amigo Glauber Gabuga Carlos duvida, mas também tenta, como este cronista. Entre um sofrimento e outro pelo seu Sport Recife, o talentoso boêmio pernambucano fez, na noite, sua paródia do sucesso de R.C.
Ele manda, na lata, no free-style:
“O cara que reclama se você demora, que sai com os amigos e esquece da hora, que tá todo o tempo querendo beber, e quando ta bêbado esquece você… E no meio da noite você liga, retada da vida… esse cara sou eu!
E continua, desmantelado:
“O cara que chega arranhado no braço, fedendo a cachaça e trocando os passos, inventando mentira e soltando migué, dizendo que onde tava não tinha mulher… E você vem brigando comigo mas to bêbado e nem ligo…esse cara sou eu!”
Para terminar, o único momento com alguma delicadeza é no pedido de desculpas para continuar tudo de novo:
“O cara manhoso que não tem mais jeito, te chama de amor e ainda bate no peito, fica de joelhos e pede perdão por favor, foi a ultima vez você é o meu amor, de manhã eu não lembro o que eu fiz, sexta feira tem bis… esse cara sou eu!”
Amigo, melhor seguir o exemplo do Rei. Faça o que eu peço, não faça o que eu faço.
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