domingo, 27 de novembro de 2011

o silêncio de Parazinho

Passados seis dias do assalto à Delegacia de Polícia de Parazinho e três da reportagem de Tribuna do Norte a notícia ainda não chegou ao conhecimento da Assembleia Legislativa do Estado. Nenhum pronunciamento, um mísero registro sequer. Assalto à Delegacia de Polícia no Rio Grande do Norte deve ser coisa banal, coisa de todos os dias. Só que em Parazinho o fato contém outros temperos contados com precisão jornalística pelo repórter Marco Carvalho. Os bandidos bateram na porta da delegacia, foram atendidos, em seguida renderam um sargento e um soldado que ficaram algemados juntos aos  presos. Depois, roubaram as armas dos policiais, incluindo um fuzil, munição e fardamento. Equipados, os bandidos passaram, então, a assaltar o comércio local. Fizeram uma limpeza geral, começando pela feira da cidade, e fugiram.

Este é o fato, por si só chocante e que, infelizmente, é comum na área de Segurança do Estado. Mas o mais chocante que eu vi na reportagem – e já anotei aqui na coluna, quarta-feira – foi o estado em que se encontra o prédio (aquilo é prédio?) da Delegacia de Parazinho mostrada na foto que ilustrou a matéria. Não é o interior da delegacia, é a sua fachada. Um pardieiro de última categoria. Total, absoluto abandono. Uma ruína. Impossível acreditar que ali funcione uma repartição pública. Mais absurdo ainda quando é  uma delegacia policial
.
Pois bem,  pensei que o fato fosse abordado no plenário da Assembleia Legistativa, pelo menos por um deputado da Oposição. Que nada, meu amor. Silêncio total e absoluto. Como também se esvaiu no mesmo silêncio a Secretaria de Segurança. Idem a Assessoria de Imprensa  do Governo. Fosse no tempo  de Abelardo Calafange e de Mário Negócio, vigilantes oposicionistas da Assembleia dos anos 40 começo dos 50, caso como este de Parazinho renderia uns vinte discursos. Agora com as sessões matinais (ah, os seriados domingueiros do cinema Rex!), os papos do Palácio José Augusto ficaram amenos, café com leite e cuscuz, o condomínio Nova Amsterdã, passar o Natal em Miami.


Tivesse eu 50 anos menos pediria ao  diretor de redação licença para fazer um “tour” pelas delegacias de polícia do Estado, interior a fora, do Litoral às Serras do Oeste, incluindo, claro, as de Natal também. Boa parte delas está no mesmo nível da de Parazinho. Veria suas instalações, seus equipamentos, móveis, viaturas, o telefone que não funciona, o carro que não tem pneu, o sanitário que não tem descarga. Na maioria dessas delegacias, quatro, cinco policiais de seu efetivo. Na prática, dois, pois a outra metade descansa 48 horas como manda a lei brasileira

Se o talento me ajudasse ganharia o Prêmio Esso de Reportagem. Ainda existe o Prêmio Esso?

- Transcrito da coluna de Woden Madruga -Tribuna do Norte

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