Rosalba manda cortar pontos dos professores em greve. Ponto para os grevistas... Duvido muito que ela esteja conseguindo entender a dimensão da estupidez da atitude. Quem tem assessores como a nossa governadora, não precisa de inimigos. Sinto nas falas de Rômulo Arnaud, que é o único líder da greve que consigo escutar aqui no meu reduto em Serra do Mel, onde trabalho com rádio ligado por força do ofício de escriba de província, quando em verdade, em verdade vos digo que preferiria mesmo estar vivendo "sem rádio e sem notícias das terras brutalizadas". É impressionante o quanto Rômulo, este líder sindical, amadureceu. Um jovem que conheci engatinhando nas lutas sociais, quando convivi no mesmo SINTE, com sua irmã Tânia Arnaud, hoje esposa de Valmir e uma das pessoas mais dignas com quem tive a honra de conviver. Impressiona mais ainda a trajetória oposta da governadora.
Enquanto o sindicalismo aprendeu, amadureceu, preparou-se, temperou-se nas lides do confronto e da negociação, a governadora e o seu entorno desaprenderam, regrediram, apequenaram-se, empurraram a cabeça num buraco como avestruz e pensam que o corpo está todo protegido. Se Rosalba já não era de negociação quando governou em Mossoró, agora pirou. Acha que ainda estamos nos idos da década de vinte quando se dizia que movimento social era caso de Polícia. Mas que polícia, que uma, a civil, está em greve e a militar está em estado de assembleia permanente, com proposta de deflagrar um aquartelamento, que significa dizer: "estou aqui, mas não estou nem aí". Rosalba foi buscar gente que tinha parado no tempo nos anos 70. Gente de visão obtusa. Gente que se formou politicamente na ditadura, quando só tinha dois partidos, o do "sim" e o do "sim, senhor". Gente que não sabe que os tempos são outros, que a negociação virou regra.
Radicalizar só vai provocar a radicalização do outro lado. A Guerra louca de Bush Filho contra o terrorismo só aumentou o terrorismo. Se a imprensa se dignasse a divulgar o que acontece no Afeganistão e no Iraque, saberíamos quão desastrosa é a política yanque naquelas terras. Reagan era o mais anticomunista de todos, mas foi quem negociou o fim da guerra fria e a União Soviética desmoronou depois. Sem Coréia, Camboja, Vietnã, Laos, países africanos e latinoamericanos com seus guerrilheiros românticos inspirados em Régis Debray ficaram sem discurso. Sem ameaça a Cuba e aos outros redutos do sonho do socialismo à força, a URSS ficou sem discurso e teve que assistir a queda do Muro de Berlim, como simbologia da queda do muro psicológico que dividia o mundo em duas ideologias.
As ideologias permanecem, mas falta o muro... Rosalba, ao instituir o corte do ponto dos grevistas institui o muro: a motivação, o ânimo, reforça o discurso dos líderes grevistas e perde o elo com os pais e os alunos, pois sem receber os salários os professores se desobrigam de repor as aulas, o que significa dizer que a governadora está decretando a morte do ano letivo. Isso depois de vermos na TV alunos declarando que desistiram do vestibular. A secretária de Educação deve estar angustiada com a decisão radioativa, estúpida e inválida. Mas... Está lhe faltando dignidade, coisa que nunca lhe faltou antes, para ter coragem de dizer à governadora que não vai ser "carrasco dos professores". Que vai sair antes de enterrar a sua ilustre biografia num Centro Administrativo que não centraliza nem administra mais coisa nenhuma. Rosalba está numa encruzilhada. Ou acorda, ou a... Corda.
Assim como caminha, o autoenforcamento é inevitável!
Retirado de http://www.defato.com/29_06_2011/crispiniano.php
Texto encaminhado pela amiga Emilie Alves
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