Por Carlos Santos
Viva o povo brasileiro - Meu voto em Dilma Roussef
Fiz minha escolha para o segundo turno das eleições presidenciais. Voto em Dilma Roussef (PT).
Como costumo sublinhar há muitos anos, em toda eleição, digo publicamente em quem voto.
Também costumo deixar claro que não voto contra ninguém. Voto a favor. Voto, dessa feita, a favor de Dilma.
Voto despido de paixão ou afeição mesmo. Vejo-a como arrogante e sem o mínimo verniz de simpatia.
José Serra (PSDB) não é muito diferente.
Porém acredito que ela seja capaz de contribuir para avanços, sobretudo no campo social, com uma gestão menos politiqueira, passional e recheada de arroubos, tão comuns ao presidente Lula.
Quanto a Lula, minhas palavras são ambivalentes, talvez até paradoxais.
Nunca antes na história deste país vi um político com tamanha dimensão e empatia popular. Tem minha admiração.
Mas também nunca enxerguei maior leniência quanto aos excessos da "companheirada", que ele aboletou no poder. Eis minha queixa basilar.
Paciência. Ninguém é perfeito.
Meu temor, quanto à Dilma, é que possa se inclinar à tentação de enraizar um modelo de aparelhamento do Estado, capaz de transformá-lo numa "República Sindical". Um peronismo à brasileira.
Como não toleraria a plutocracia paulista-mineira, que parece rondar Serra, caso seja eleito, reeditando no século XXI a política do "Café com leite" da República Velha, coronelismo fora de época.
De verdade, quero meu pais mais justo, com oportunidades alargadas, despido do "complexo de vira-lata", comprometido com o insumo básico do desenvolvimento humano: a educação. Gente
Só a plena instrução e não a alfabetização arcaica, que apenas habilita milhões ao desenho do próprio nome, nos fará ser uma nação. Por enquanto ainda somos um aglomerado de homens e mulheres dispersos, massa que precisa ser gente.
Tenho uma incontida paixão e devoção pelo meu pais. Como o professor Darcy Ribeiro, aprendi com o tempo e a maturidade, que precisamos nos aceitar como somos. Chega de apenas transplantar modelos, copiar jeitos e trejeiros de além-mar.
Somos um povo tropical, inventivo, miscigenado. Somos o povo brasileiro.
Há muito a ser feito, para nos arrancar do primitivismo, desse modelo multissecular de espoliação, expropriação, patrimonialismo, exclusões e reducionismo histórico.
Quando parar de me emocionar com o hino do meu país, quando deixar de me indignar com a injustiça, também vai cessar minha esperança de um Brasil da maioria e não de uma minoria que se acha "eleita".
Sob a égide da Eugenia, do Darwinismo Social e de cientistas raciais alguns acreditam ser superiores, negando a muitos um pouco do elementar.
Faço uma escolha. Não escolho um lado. Não sou fundamentalista nem adoto o dogmatismo de cortesão. Respeito quem pensa diferente e acho imprescindível as diferenças, para não pecarmos pela pobreza do pensamento único.
Voto agora em Dilma. Daqui a quatro anos, posso mudar, se for o caso. Como Juscelino Kubistchek, assevero: "Não tenho compromisso com o erro!"
Tenho minha opção, porque não suporto que me imponham nada nem me permito a oprimir ninguém com o que penso. Quero continuar podendo ser o que sou, umectado de defeitos, mas inteiro e uniforme por não aceitar ter duas caras.
Viva o povo brasileiro!
Fonte e Opinião: Carlos Santos - jornalista e blogueiro mossoroense
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